terça-feira, 26 de junho de 2007

sobretudo quando chove

gerson borges

se apenas uma escolha me restasse,
eu levaria o pôr-do-sol,
ou se uma só herança me bastasse,
um rouxinol
que cantasse a dor das distâncias
e curasse essa saudade
a me invadir enquanto eu canto,
sobretudo quando chove.
a me invador enquanto eu canto,
sobretudo quando chove.

se toda a poesia, numa palavra,
eu ficaria com "jardim"
e, um tipo só de arbusto ali se lavra,
o alecrim,
concentrando o cheiro do longe,
acalmando essa saudade
a me invadir enquanto eu canto,
sobretudo quando chove.
a me invador enquanto eu canto,
sobretudo quando chove.

e chove, e chove, chove sem parar,
enquanto eu canto, canto,
ao te esperar.

se cada vez que eu penso no teu rosto,
vento virasse um vendaval,
desabaria o céu com muito gosto,
que temporal!
tormenta no mar da memória,
rimando com essa saudade
a me invadir enquanto eu canto,
sobretudo quando chove.
a me invador enquanto eu canto,
sobretudo quando chove.

Um comentário:

Al, Rachel and Hava disse...

vem ver o nosso outro blog que e' mais recente... www.leites.blogspot.com.