sábado, 4 de dezembro de 2010

Vô Imbolá


Zeca Baleiro

"Como é por ignorância transito, mas se fosse unicamente para menoscapar de minha alta prosopopéia, dar-te-ia um soco no alto da sinagoga que por-te-ia mais raso do que solo pátrio!"

Imbola, vô imbolá,
eu quero ver rebolar bola.
Você diz que dá na bola,
na bola você não dá.

Quando eu nasci, era um dia amarelo.
Já fui pedindo chinelo,
rede, café, caramelo.
O meu pai cuspiu farelo,
minha mãe quis enjoar.

Meu pai falou: "Mais um bezerro desmamido!
Meu Deus, que será? Bandido?
Soldado, doido varrido,
milionário desvalido,
padre ou cantor popular?

Nem Frank Zappa, nem Jackson do Pandeiro,
lobo bom e mau cordeiro,
mais metade que inteiro,
me chamei Zeca Baleiro
pra melhor me apresentar.

Nasci danado pra prender vida com clips,
ver a lua além do eclipse.
Já passei por bad trips,
mas agora o que eu quero
é o escuro afugentar.

Faz uma cara que se deu essa empreitada,
hoje a vida é embolada.
Bola pra arquibancada!
Rebolei, bolei e nada
da vida desimbolá.

Vô imbolá minha farra,
minha guitarra, meu riff,
Bob Dylan, banda de pife,
Luiz Gonzaga, Jimmy Cliff.
Poesia não tem dono,
alegria não tem grife.
Quando eu tiver cacife,
vou-me embora pro Recife,
que lá tem um sol maneiro.
Foi falando brasileiro,
que aprendi a imbolá.

Eu vou pra lua,
eu vou pegar um aeroplano.
saturno, marte, urano.
lá tem mais calor humano
que o cinema americano.

Eu vou,
vou vender a minha van
a minha vã filosofia.

"Mais vale um homem todavia muito
do que em comparação jamais."

Um comentário:

Acaso disse...

Lindo tudo isso tudo lindo!